_ É dificil aprisionar os que têm asas _






A [zul ] _ R [oxo ]


sábado, março 28, 2009

Azul .



As
palavras perdem o seu sentido, enquanto , a sua cor o mar verde e o céu azul, que haviam sido pintados pela gentileza das algas que jorraram oxigénio durante três bilhões de anos.
E a noite perde as suas estrelas.
Já existem placas de protesto cravadas nas grandes cidades do mundo ...
_ Não nos deixam ver as estrelas _

assinado ... as pessoas .

_Não nos deixam ver as pessoas _

assinado ... as estrelas . !

Eduardo Galeano _ Bocas do Tempo _

sábado, março 21, 2009

Roxo _ está com a Poesia _




A poesia
come-se , gosta-se , sente-se ... mas não a podemos analizar ou definir ... ...
Para haver entrega !

terça-feira, março 17, 2009

domingo, março 15, 2009

Roxo .



Era uma vez ... _sempre estes termos suaves
A começar um conto ou uma história _

Um bando que existia , algumas aves
Perdidas na distância da memória .

Viviam sua vida em harmonia
Na paz do seu amor e dos seus sonhos
E sempre o sol que ao alto refulgia
Tornava os seus momentos mais risonhos .

Comiam do que dava a natureza
Bebiam dos riachos e dos lagos
O trato se fazia na riqueza
Que tinham em carinhos, em afagos .


Vizinho ao seu local havia um grupo
Mas este, de pessoas, tão diferente...
Era constante entre elas o apupo
Um som que para o bando era estridente.

Ralhavam por inveja, por cobiça
Por terras, por riquezas, por ganância
Não raro se envolviam numa liça,
As aves as mirando na distância .

Um dia, vendo o grupo, que se espanca
_ Queriam a mesma árvore, na cegueira _

Do bando sai uma lesta pomba branca
Levando em bico um ramo de oliveira


Todos entenderiam pela certa
O gesto da pombinha, perspicaz
Que no seu simbolismo era uma oferta,
Da árvore em questão, a sua paz .

Contudo alguém gritou ... é estrago, o corte.

Quebrou , traz um presente envenenado.
E abatendo a ave, dão-lhe a morte,
Um crime tão horrendo... tresloucado.


_A história vem dum sonho em pequenino,
Da arca das memórias ela arranca
Quem dera uma mudança no destino...
A paz chegasse noutra pomba branca _ !

Joaquim Sustelo

sábado, março 07, 2009

Azul .



Primeiro
pintar uma gaiola com a porta aberta .
Pintar

depois , algo de lindo , algo de simples , algo de belo, algo de útil
para o pássaro .
Depois dependurar a tela numa árvore
num jardim , num bosque ou numa floresta .
Esconder-se atrás das árvores
sem nada dizer , sem se mexer ...

Às vezes o pássaro chega logo ,
mas pode ser também que leve muitos anos
para se decidir .
Não perder a esperança ,
esperar
esperar se preciso durante anos .
A pressa ou a lentidão da chegada do pássaro
nada tendo a ver
com o sucesso do quadro .
Quando o pássaro chegar ,
se chegar ,
guardar o mais profundo silêncio .
Esperar que o pássaro entre na gaiola
e

quando já estiver lá dentro
fechar lentamente a porta com o pincel .
Depois
apagar uma a uma todas as grades ,
tendo o cuidado de não tocar numa única pena do pássaro .
Fazer depois o desenho da árvore , escolhendo o mais belo galho para o pássaro .
Pintar também a folhagem verde e a frescura do vento ,

a poeira do sol
e o barulho dos insetos pelo capim no calor do verão .
E

depois esperar que o pássaro queira cantar .
Se o pássaro não cantar ,
mau sinal .
Sinal de que o quadro é ruim .
Mas se cantar , bom sinal ,
sinal de que pode assiná-lo .


Então você arranca delicadamente
uma das penas do pássaro
e

escreve seu nome num canto do quadro !


Jacques Prévert

quinta-feira, março 05, 2009

Roxo .



Do rio , que tudo arrasta se diz que é violento ,
Mas , ninguém diz violentas as margens que o comprimem !


Bertold Brecht